EDITORIAL: Cauê, um expoente, certeiro e raro timoneiro do poder

Certa feita, Abraham Lincoln escreveu “O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer.”
Multíscio, Lincoln é protagonista de uma história que poderia ser considerada triste; perdeu a mãe ainda criança, a irmã que o cuidava, duas noivas, casou-se com quem não amava e perdeu três dos 4 filhos, todos por doenças ‘comuns’. Nada disso moldou seus passos.
Tido como um autodidata, ele lia e relia livros enquanto o sol e a lua clareavam as horas. Formou-se advogado sem nenhuma ajuda, a partir daí ele deixava na história um perfil que inspirara os bons observadores da humanidade e, certamente fomentou traços na maior liderança política da melhor cidade do estado de São Paulo; Cauê Casemiro Macris.

Ambos prestigiaram do parlamento por quatro mandatos e meio ainda muito jovens. Cerca de duas décadas antes de assumir o governo estadunidense Lincoln já havia — assim como Cauê — pausado o quinto mandato. Por lá, em meados de 1830 ele voltava para os tribunais como advogado. William Herndon o descrevia assim: “seu raciocínio lógico, analógico e comparativo era certeiro e mortal”
Ok, vamos pular um pouco essa memorável trajetória e relembrarmos do penúltimo parágrafo daquele que foi considerado o mais brilhante discurso de um presidente; “O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.” Disse Lincoln durante a Guerra Civil Americana que provocou 600 mil mortes e dividiu os estados do sul e do norte, criando os estados confederados do Sul que quase foi reconhecido pela união europeia como país e gerou memórias segregacionistas até hoje em Americana e Santa Bárbara D’oeste.
Lincoln era totalmente desconhecido pelos sulistas quando foi eleito presidente e conhecido no Norte como “um político excepcionalmente astuto e profundamente envolvido com as questões de poder em cada estado”. Ferrenho defensor do fim da escravidão ele travou nos 4 anos de poder uma das maiores batalhas da humanidade e morreu assassinado por um ator 6 dias após seu arquirrival se render e ser decretado o fim da Guerra.

Nas encruzilhadas da emancipada história da nossa cidade, muitas coincidências tumultuam este texto, Cauê mostra muita semelhança com Lincoln, ou mais do que isso, segue na vanguarda da articulação política se fortalecendo no cenário político conturbado que vive o Brasil como o maior nome construtivo do Estado mais decisivo, forte e rico desse país (semi)presidencialista.

Era 27 de outubro de 2018, começo da noite e faltavam poucas horas para os paulistas ir às urnas. O Datafolha anunciava: França 51%, Doria 49%. França havia começado essa jornada com 4% e com “Se você fosse sincero, oh oh oh oh, oh Doria” foi declinando o favorito à derrota. Mas, num tabuleiro comandado por Cauê, com a ascensão do capitão Jair e um bordão crucial criado às vésperas do pleito (Bolsodoria), entre 25,5 milhões de eleitores, Doria reverteu a pesquisa, bateu os 51% e com apenas 741 mil votos além de França, sagrou-se Governador do Estado maior.

Bom, o tempo passou, agora estamos há 80 dias de uma nova eleição. Assim como o susto permeou Abraham, veio a pandemia e sacudiu todo o xadrez, mas nem Lincoln, tampouco Cauê titubearam. Aliás, nos bastidores, o que circula é que Macris novo fez o impossível para eleger Doria nas prévias, mas seus erros foram fatais e, por não despontar nas pesquisas de opinião, Cauê teve que agir. Como amplamente noticiado, às vésperas do prazo final JD hesitou em renunciar, mas naquela fração de 20 horas limites para se cumprir o calendário estipulado pelo TSE, Cauê, que já havia estimulado o grupo de Rodrigo à reeleição, teria o visto aos prantos e enunciou; “deixa comigo!”, imediatamente Cauê foi até Raul, irmão de Doria, explicado que um processo de impeachment por violação da responsabilidade fiscal eventualmente seria aberto pelo presidente da Alesp. O resultado? Veio no Tuite seguinte do Ex-Governador, desmentindo as “especulações” e mantendo a candidatura ao Planalto, depois retirada por falta de apoio popular e tapetão interno de Aécio Neves.

A novela se repete; lá de Tanabi, uma cidade pacata, de 26 mil habitantes, próxima de São José do Rio Preto vem Rodrigo Garcia. Era 18 de fevereiro de 2022 quando foi divulgada a primeira pesquisa (IPESP) para o governo estadual, onde 3% dos entrevistados optaram por seu nome.
Muitos fatores foram ocorrendo nos meses seguintes, Kassab, Alckmin, Boulos, Moro, Datena, França, entre outros, foram movimentando esse tabuleiro. E, 12 de julho saiu o último levantamento de intenção de votos entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes, este contratado pela TV Record, Rodrigo nesses pouco mais de 100 dias saltou para 16%, sendo que na última pesquisa de junho, realizada pelo Datafolha estava com 10%, Garcia consolida um crescimento vertiginoso de 400%, mais que qualquer outro candidato, aparece tecnicamente empatado em 2°, podendo estar à frente de Tarcísio dentro da margem de erro e já briga fio a fio pela provável vaga no segundo turno. Rodrigo é o menos rejeitado entre os favoritos, terá 4 minutos diários de tempo de tv e rádio, enquanto Haddad e Tarcísio terão 2 minutos cada, apenas 15% dos paulistas avaliam mal sua administração e 47% consideram regular ou boa e dois fatores fecham essa catapulta com ainda mais positivismo a la tucano; nos três levantamentos realizados nos últimos 30 dias pela Genial/Quest, instituto ligado a investidores e CNN Brasil, enquanto o bolsonarista e o petista estagnaram, Garcia dobrou: 6% – 8% – 12%. O Estado de São Paulo é governado há 7 mandatos seguidos pela mesma tradição política, que, nem sempre é a favorita ou mais desejada, mas sempre vence, graças a triangulação perfeita: o Poder da Máquina, o povo que aqui não escolhe o melhor, mas sempre, o menos pior e os palanques estendidos por Prefeitos, que preferem (com razão) recursos à governantes obsoletos que mal conhecem a intensidade do que é ser paulista.

Enquanto o Advogado Tanabiense cumpre um calendário aeróbico de agendas, alguém precisa comandar São Paulo… Quem? Pois, é. E ao passo que articula a campanha ele administra a vida de 44 milhões de pessoas.

Volte agora a frase da primeira linha deste artigo.
Independentemente do que há de acontecer, aos 39 anos, tido como certeiro, resiliente e fiel, Cauê discerne como poucos a diferença de mandato e termômetro eleitoral, interpreta como ninguém a linha tênue entre apertar o pé do acelerador, engatar, frear, dar ré, mas nunca estaciona.